Luto: um processo em movimento, não em fases
- Mariá Lisboa
- 5 de jun.
- 2 min de leitura

Durante muito tempo, falamos sobre o luto em termos de “fases”: negação, raiva, barganha, depressão e aceitação. Essa ideia ajudou, num primeiro momento, a reconhecer reações comuns diante da perda. Mas hoje, com uma compreensão mais profunda sobre o sofrimento humano, sabemos que o luto não segue uma ordem fixa — ele acontece em movimento.
Essa visão mais realista nos ajuda a respeitar o ritmo de cada pessoa e acolher o luto como ele realmente é: complexo, oscilante e profundamente humano.
Por que falamos em movimento e não em fases?
Porque o luto não é linear - As emoções não surgem em etapas organizadas. Podemos sentir tristeza hoje, alívio amanhã, raiva no fim de semana e, depois de um tempo, tudo isso voltar com nova intensidade. Isso não significa que algo está “errado”, mas que a dor está se reorganizando dentro de nós.
Porque ele é fluido e oscilante - O luto vem em ondas. Às vezes, estamos aparentemente bem, até sermos surpreendidos por um cheiro, uma música ou uma data que desperta uma saudade imensa. Esse vai e vem faz parte do processo.
Porque cada vínculo é único - Não existe uma forma “certa” de viver o luto. A experiência é diferente quando se perde um pai, uma mãe, um parceiro, um filho, um amigo ou mesmo uma fase importante da vida. O tipo de relação influencia o tipo de dor — e o caminho para lidar com ela.
Porque o luto também é transformação- Com o tempo, a dor não desaparece completamente, mas se transforma. A relação com a perda muda, e muitas pessoas descobrem novas formas de conexão, sentido e até crescimento após vivenciar o luto.
Como a terapia pode ajudar nesse processo?
A terapia oferece um espaço seguro para expressar a dor, sem pressa e sem julgamento. O terapeuta caminha junto com a pessoa enlutada, ajudando-a a entender suas emoções, encontrar recursos internos, e ressignificar a perda de forma cuidadosa e respeitosa.
Não se trata de "superar" ou "esquecer", mas de encontrar um jeito possível de seguir com a vida, carregando o que foi perdido de um novo modo. Em movimento.
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